Na indústria farmacêutica brasileira, que ultrapassou R$ 100 bilhões em 2023, o time de prescrição médica e vendedores é a espinha dorsal da geração de demanda. Propagandistas, representantes e equipes de vendas têm a missão de conectar medicamentos a médicos e pacientes. Mas, em um mercado hipercompetitivo e regulado, qual é o verdadeiro papel desses profissionais? São eles estrategistas indispensáveis ou peças pressionadas por metas inalcançáveis?
O propagandista médico, peça-chave nesse time, enfrenta um paradoxo. Ele deve educar médicos, construir confiança e impulsionar prescrições, tudo em visitas que raramente excedem 10 minutos. Com a ascensão de ferramentas digitais e dados preditivos, a pergunta é inevitável: o modelo tradicional de vendas ainda funciona? Ou estamos presos a práticas que valorizam volume em vez de impacto?
Como já dizia Sócrates, “Conhece-te a ti mesmo”. Para o time de prescrição médica, isso significa entender seu valor em um cenário em transformação. A capacidade de se adaptar – seja dominando novas tecnologias ou personalizando abordagens – é crucial. Mas as empresas estão investindo na capacitação desses profissionais, ou apenas cobrando resultados sem oferecer suporte?
A pressão por metas é uma constante. Um ex-representante de vendas, com cinco anos de experiência em uma multinacional no Brasil, relatou a dificuldade de atingir números em regiões com poucos prescritores. “Você é cobrado como se o mercado fosse homogêneo, mas o interior tem outra realidade”, disse. Essa experiência levanta uma questão: estamos medindo desempenho com justiça, ou apenas perseguindo números?
A tecnologia está redefinindo o trabalho do time de vendas. CRMs sofisticados e inteligência artificial identificam médicos com maior potencial de prescrição, mas isso reduz o papel humano? Um gerente de marketing de uma farmacêutica brasileira afirmou: “Os dados apontam o caminho, mas é o vendedor que constrói a relação.” A tecnologia é uma aliada, mas pode transformar o propagandista em um executor de algoritmos?
A ética é um pilar inegociável. A Resolução nº 96/2008 do Conselho Federal de Medicina e as normas da Anvisa proíbem práticas como incentivos diretos. No entanto, a pressão por resultados pode levar a atalhos perigosos. Como garantir que o time de vendas aja com integridade? O ditado de Confúcio, “O homem superior é aquele que primeiro pratica o que prega”, ecoa aqui, lembrando que a ética deve guiar cada interação.
A relação com médicos mudou drasticamente. Antes, o propagandista era uma fonte primária de informação científica. Hoje, médicos acessam estudos e plataformas como UpToDate, reduzindo sua dependência. Um diretor médico de uma multinacional no Brasil observou: “O vendedor precisa ser um consultor, oferecendo valor que a internet não entrega.” Mas quantos profissionais estão preparados para esse novo papel?
A concorrência no Brasil é acirrada, com mais de 200 laboratórios disputando os mesmos prescritores. Um estudo da IQVIA de 2022 revelou que 65% dos médicos valorizam vendedores que trazem dados comparativos ou estratégias de adesão ao tratamento. Isso exige conhecimento técnico e empatia, mas as empresas oferecem treinamento suficiente para atender a essa expectativa?
O time de prescrição médica não apenas vende; ele cria valor. Em contextos como hospitais públicos, onde o orçamento é limitado, promover medicamentos caros pode ser inútil. Aqui, o vendedor deve alinhar as soluções da indústria às necessidades reais. Mas as empresas incentivam essa abordagem estratégica, ou continuam focadas em metas de curto prazo?
A rotatividade é um desafio significativo. A alta pressão e a falta de perspectivas de carreira afastam talentos. Um gerente de vendas, com 12 anos de experiência no Brasil, destacou: “Perdemos bons profissionais porque as empresas não valorizam a longo prazo.” Essa rotatividade compromete a construção de relações com médicos, essencial para a geração de demanda.
A digitalização oferece oportunidades, mas também riscos. E-mails, webinars e redes sociais ampliam o alcance, mas carecem de personalização. Um gerente de produto de uma farmacêutica nacional afirmou: “O digital é uma ferramenta, não um substituto. O vendedor humaniza a marca.” Como integrar o digital ao trabalho presencial sem desvalorizar o papel humano?
O ditado de Aristóteles, “Somos o que fazemos repetidamente. A excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito”, reflete a necessidade de consistência. Construir confiança com médicos exige paciência e repetição, mas o mercado demanda resultados imediatos. Como equilibrar esses opostos sem sacrificar a qualidade das interações?
A diversidade regional do Brasil complica o trabalho do time de vendas. Estratégias eficazes em São Paulo podem falhar no interior do Maranhão. Um ex-propagandista relatou a dificuldade de usar scripts padronizados em mercados heterogêneos: “Você precisa adaptar, mas nem sempre tem autonomia.” Como incentivar a criatividade dentro de estruturas rígidas?
O futuro do time de prescrição médica depende de uma mudança cultural. As empresas precisam enxergar esses profissionais como parceiros estratégicos, não como meros executores. Treinamento em habilidades digitais, inteligência emocional e análise de dados é essencial. Mas as farmacêuticas estão prontas para investir nesse novo perfil?
A indústria farmacêutica brasileira está em um momento crítico. A consolidação de laboratórios, a entrada de startups de saúde digital e a regulação crescente desafiam o status quo. O time de vendas precisa ser mais do que um canal de promoção; deve ser um agente de transformação. Mas ele pode cumprir esse papel sem o suporte necessário?
A geração de demanda é um reflexo da indústria: cheia de potencial, mas repleta de contradições. O time de prescrição médica enfrenta expectativas crescentes com recursos limitados. Cabe às empresas e aos próprios profissionais redefinirem esse papel, combinando tecnologia, ética e humanização. Estamos prontos para esse desafio, ou continuaremos presos a modelos obsoletos?
Em um mercado que não para de evoluir, o time de prescrição médica e vendedores deve se reinventar. A indústria farmacêutica brasileira tem a chance de liderar essa mudança, mas apenas se reconhecer o valor humano por trás de cada interação. Você, profissional ou líder, está preparado para transformar o futuro da saúde?
👉 Siga André Bernardes no Linkedin. Clique aqui e contate-me via What's App.







Nenhum comentário:
Postar um comentário
Compartilhe sua opinião e ponto de vista: