A inteligência artificial (IA) desembarcou na indústria farmacêutica como um tsunami silencioso, prometendo eficiência e precisão em áreas que antes dependiam do esforço humano. Nesse contexto, os propagandistas farmacêuticos – aqueles profissionais que levam a mensagem dos laboratórios aos médicos – enfrentam um momento decisivo: a indústria está realmente preparando-os para surfar essa onda tecnológica ou apenas os deixando à deriva? O futuro já chegou, mas será que os propagandistas estão a bordo?
No Brasil, onde o carisma do propagandista sempre foi um diferencial, a adaptação à IA parece andar a passos tímidos. O ditado "quem não se comunica, se trumbica" ainda ressoa, mas a comunicação mudou de rosto – sai o papo presencial, entram algoritmos e plataformas digitais. A indústria está capacitando esses profissionais para usar a IA como aliada ou apenas esperando que eles descubram sozinhos como não afundar nesse mar de bits e bytes?
Conheci a história da Juliana, propagandista há 15 anos no interior de São Paulo, que sentiu o vento mudar. "Eu dominava as visitas, mas agora os médicos pedem dados que só o sistema da empresa entrega", contou ela, com um tom de quem tenta entender o novo roteiro. “Os representantes foram essenciais nos anos 90, mas hoje o médico prefere um PDF no e-mail a uma visita demorada”. A experiência da Juliana sugere que a indústria precisa agir – mas está mesmo agindo?
Algumas empresas parecem acordar para o desafio, mas o ritmo levanta dúvidas. “Investimos R$ 2 milhões em plataformas digitais em 2023 e vimos o ROI triplicar. O representante tradicional? Só atrapalha o fluxo”. O ditado "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura" pode indicar esforço contínuo, mas e se a pedra já virou areia movediça? A indústria está ensinando os propagandistas a usar a IA para personalizar abordagens ou apenas trocando-os por dashboards interativos?
No Nordeste, acompanhei o caso do Rafael, que tentou se reinventar em Pernambuco. "Fui treinado pra vender cara a cara, mas agora me pedem pra interpretar relatórios de IA", disse ele, revelando o gap entre o passado e o presente. “No Brasil, o representante ainda tem apelo nas cidades pequenas, mas é questão de tempo até o digital engolir tudo”. A jornada do Rafael pergunta em voz alta: a indústria está oferecendo as ferramentas certas ou apenas jogando os propagandistas na fogueira tecnológica?
Os médicos, público-alvo desses profissionais, já mostram suas cartas. “Eu recebo 10 representantes por semana e zero informação nova. Prefiro um webinar de 15 minutos que vá direto ao ponto”. Então, o que a indústria está fazendo para que os propagandistas entreguem valor real na era da IA? O ditado "em time que está ganhando não se mexe" não cabe aqui – o time está em xeque, e a falta de adaptação pode custar caro. Capacitação ou substituição: qual é o plano?
A provocação final não tem escapatória: a indústria farmacêutica está realmente adaptando os propagandistas à era da IA ou apenas fingindo que o problema não existe? A tecnologia não espera, e os médicos já escolheram o lado da eficiência. Se os propagandistas não forem equipados para navegar esse novo mundo – com treinamentos em dados, IA e estratégias digitais –, o futuro pode deixá-los na margem. A indústria brasileira tem a chance de liderar essa transição – mas será que vai agarrá-la ou apenas assistir ao relógio ticar?
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